DR. DORIVAL GOMIDE
Entendendo a Endometriose
A Endometriose está cada vez mais frequente nos consultórios ginecológicos.
Representa uma das afecções mais estudadas nos últimos anos, principalmente pela sua alta prevalência, estimando-se que entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva sejam portadoras desta moléstia.
A idade média das pacientes no momento do diagnóstico é de 30 anos.
A endometriose é uma patologia descoberta no final do século passado, mas passou a ser considerada como problema clínico muitos anos mais tarde, já quase no meio do século XX.
Pode ser definida como a presença de tecido endometrial funcionante, fora da cavidade uterina. Existem algumas teorias para explicar o surgimento da endometriose, embora a sua causa ainda permanece desconhecida. A mais divulgada é a da menstruação retrógrada, onde o tecido endometrial atinge a cavidade pélvica através do regurgitamento tubário.
As localizações mais habituais são ovário, ligamentos útero-sacros, septo reto-vaginal, sigmoide, trato genital baixo (cérvice, vulva e vagina), trato urinário (bexiga e ureter), podendo estar presente ainda no umbigo e cicatrizes cirúrgicas, ou até mesmo descrito em órgãos mais distantes como mamas, membros superiores e inferiores e pulmão.
Os sintomas mais característicos associados a endometriose são: cólicas menstruais progressivas, por vezes incapacitando as pacientes para as atividades diárias durante este período (cerca de 30% dos casos); dor às relações sexuais; distúrbios menstruais (aumento do fluxo menstrual ou surgimento de sangramento pré-menstrual); dores à defecação; dor ao urinar e presença de sangue na urina. Destaca-se ainda a endometriose como uma das principais causas de infertilidade.
A sintomatologia acima, associada aos exames de imagem, como a ressonância magnética pélvica e a ultrassonografia direcionada ao mapeamento da endometriose, realizado por profissionais habituados na investigação da doença, são importantes no diagnóstico e conduta a ser realizada.
O tratamento é pautado na melhora da qualidade de vida e o restabelecimento da fertilidade da mulher. O uso de medicamentos é indicado na maioria dos casos, realizado com o bloqueio menstrual através do uso de contraceptivos hormonais orais combinados (pílulas anticoncepcionais), associado a anti-inflamatórios não hormonais e incentivo a realização de exercícios físicos. No insucesso deste procedimento, ou quando os exames de imagem já evidenciam uma doença mais severa, o tratamento cirúrgico é a melhor opção. A avaliação pré-operatória deve ser minuciosa e tem por objetivo evitar que a paciente se submeta a múltiplos procedimentos cirúrgicos, pois além de não resolutivos, as cirurgias incompletas podem dificultar novos procedimentos e também reduzir, principalmente nas cirurgias ovarianas, a capacidade reprodutiva. O objetivo é a retirada máxima da doença, o restabelecimento da anatomia pélvica e a preservação da função reprodutiva. Para tanto, a abordagem multidisciplinar com equipe constituída por especialistas é essencial, pois possibilita uma visão geral de cada caso, o que aumenta a resolutividade cirúrgica. A videolaparoscopia, método que utiliza câmeras de alta resolução introduzidos por pequenas incisões na pele, o que possibilita uma maior magnificação na identificação dos focos de endometriose, bem como o uso de equipamentos de alta tecnologia que permitem a retirada precisa da doença, é considerado a melhor forma de abordar a patologia.
Para as mulheres que desejam engravidar, mesmo com a cirurgia, algumas vezes é necessário o auxílio métodos de fertilização assistida para a gestação, sendo essencial a presença de um médico especialista em esterilidade na equipe, para o acompanhamento e também avaliação do melhor momento para realizar o tratamento cirúrgico.
Frente a complexidade da doença e alta prevalência na população feminina, investe-se muito na melhoria do diagnóstico e tratamento. Engajado neste contexto, o Dr. Dorival Gomide busca sempre o aperfeiçoamento ao tratamento da endometriose, tanto pelo aprimoramento profissional constante, quanto através de disponibilizar as mais recentes tecnologias a suas pacientes. Em Campinas, atua com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos especialistas, serviço de imagem especializado referenciado, fisioterapia, nutrição e apoio psicológico, atuando juntos no tratamento da endometriose. Dessa forma, busca caminhar junto com essas mulheres, na grande maioria em idade reprodutiva, econômica e socialmente ativas, a encontrar uma forma acessível para restabelecer a qualidade de vida.
Dúvidas frequentes sobre Endometriose
A principal teoria sobre a origem da Endometriose vem do Refluxo Menstrual e Menstruação Retrógrada, ou seja, da saída do tecido endometrial pelas trompas e a permanência e crescimento deste tecido em volta do útero.
Há também outras teorias sobre a origem da Endometriose, porém até os dias de hoje a ciência ainda não pode afirmar com certeza a causa da doença, mas que existem algumas teorias a respeito que são mais aceitas pela Medicina e, ainda, desde a década de 90 acredita-se que existem vários tipos de Endometriose e que cada causa daria origem a um tipo diferente. Sendo assim, todas as teorias podem ser válidas e até mesmo complementarem-se.
É muito importante enfatizar que ainda não há certezas sobre as causas da Endometriose e nenhuma teoria é uma sentença, mas todas ajudam na evolução do diagnóstico e tratamento da doença.
Toda mulher que apresenta cólicas menstruais muito fortes, por vezes incapacitantes e que a leva até mesmo ao pronto-socorro, a menina que na adolescência tem de faltar à escola por cólicas, a mulher que sente dor na relação, principalmente na profundidade, a que tem uma menstruação excessiva e aquela que enfrenta dificuldades ao tentar engravidar, deve conversar com o ginecologista sobre a Endometriose. O que deve ser entendido é que sentir dor não é normal.
O melhor diagnóstico começa pela relação médico/paciente. O primeiro passo é relatar a dor, os incômodos, os sintomas e, ao ouvir os sintomas relacionados à Endometriose, é importante o encaminhamento para exames de confirmação onde, mais uma vez, o olhar humano e a experiência do médico no diagnóstico da Endometriose é que farão toda a diferença.
Na grande maioria dos casos, os principais exames são a ressonância nuclear magnética da pelve e a ultrassonografia com preparo intestinal para o mapeamento da Endometriose, sendo que não há um exame melhor do que o outro, vai depender muito da localização dos focos.
É muito importante a interação do Cirurgião Ginecológico com o Médico Radiologista para que, com isso, seja possível planejar o melhor tratamento para a paciente.
Ter de passar por cirurgia é um medo muito comum frente ao diagnóstico de Endometriose, pela crença de que toda paciente com Endometriose terá de fazer cirurgia, e isso não é verdade. O tratamento é pautado na melhora da qualidade de vida, na maioria das vezes controlando os sintomas com o uso de hormônios, por vezes associados a anti-inflamatórios e analgésicos. A Cirurgia é recomendada nos casos em que há falha no tratamento clínico, também em caso de infertilidade, pensando na melhora da perspectiva gestacional e, em casos mais raros, como quando há risco de lesão de algum órgão, por exemplo, risco de obstruir o intestino ou ureter.
A Endometriose é caracterizada pela presença do tecido endometrial fora do útero, então muitas vezes a paciente pode ter Endometriose mesmo sem ter o útero, pois em casos assim os focos de Endometriose ocorreram antes da remoção e houve a persistência desses focos que continuaram crescendo em outros locais.
Os principais locais de acometimento da Endometriose são a pelve e os órgãos que a envolvem, como a bexiga e o intestino grosso, até mesmo pela proximidade da pelve com o útero, porém já foi descrito Endometriose em várias regiões do corpo como todo em todo o abdômen e abdômen superior, próximo ao diafragma e também as chamadas lesões à distância, que podem acometer órgãos como o pulmão, por exemplo.
